sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Capítulo V - As mulheres & a cor vermelha

Graças às mulheres fazemos coisas idiotas. Destemperamos. Somos capazes das maiores asneiras somente por frações de atenção. Pode ser hormonal, pode ser cultural, mas fato é que nós homens estamos fadados à extinção. Nenhuma raça sobrevive de tolices. É como nossas mães falavam,: -Se fulano pular do trem você pula junto? E nós, em completo tédio: -nãaaao. A figura só muda, quanto reformulada a indagação: Se esta baita gostosa mandasse você pular na frente do trem você pularia? Aí a história é outra: -Depende...

Tcs. Tcs.

Qual ser sobreviveria a uma coisa dessas? Antes chamar a atenção à própria sobrevivência!

Cinco, de volta à faculdade graças às suas faculdades mentais (tô inspiradão) sempre garantia sua vaga na universidade pública. Aqui, uma estadual. Nunca pagava nada.

Como todo bom filme de comédia romântica: Só, sozinho no refeitório fazia seu pequeno casse-croûte. Apesar de precoce na infância, formado, em sua segunda entrada na escola superior, era inacreditavelmente pueril para certos assuntos. Sua sociabilidade andava devagar e sentia-se ressentido por não conseguir se enturmar.
Acabrunhado em pensamentos, não percebeu alguém que se aproximava, assustou-se. Mas tão logo, relaxou e baixou a guarda. Era apenas uma moça (85) que viera para lhe entregar um panfleto. Os alunos entrariam em greve junto com os funcionários e a invasão à reitoria era iminente. Alheio ao teor do conteúdo proselitista, fitava a mensageira. Ela dizia mas ele não escutava. Não era sua beleza (neste quesito fora pouco agraciada pela genética), mas a atenção. Seu cérebro trabalhou rápido para agarrar a primeira oportunidade de sair da proscrição. Não é raro a primeira vez ser a última chance. Estaria no centro acadêmico de jornalismo às dezenove horas. Seu coração espancava.

Seis terminou de falar com Um, entregou o telefone para alguém e saiu da sala. Carpete sintético, paredes impecavelmente brancas e um quadro do presidente da república, dependurado logo atrás. Estavam esperando-o, um grupo, todos de terno, mesa de vidro, poltronas e papéis. Mal se vê seus rostos. Fumam, apesar do aviso dependurado. Estes homens criadores de leis raramente demonstram algum apreço por ela.
Primeiro homem: - E Um?
Seis: -Politicamente aniquilado. Temos que tomar precauções.
Segundo: Que tipo?
Seis: -Se entregarmos para imprensa ele não vai segurar. PF, CPI... Muito fraco.
Terceiro: -Onde quer chegar?
Alguns: É, onde?
Seis: -Sugiro o aniquilamento. Um acidente, ataque cardíaco sei lá.
Quarto: -Pode deixar rastros. Muito perigoso.
Primeiro: E Três?
Seis: -Está muito blindada. Inatingível, por hora.
Primeiro: -3 está fora desta questão. Um errou. Todos nós já tivemos com Três. Sabemos quem ela é. Um nos prejudicou, deve pagar.
Seis: -Vamos deitá-lo.
Quinto, calado até então, dando a última palavra: -Não. A morte é uma ótima ferramenta, mas temos outras disponíveis no menu meninos. Quinto era o mais velho, a raposa mais experiente, já tinha vivido o suficiente pra saber como as coisas são.
Quase todos: -Quais?!
Quinto: - Vamos lançá-lo.
Todos indignados: O que?!
Quinto: Dou a questão por encerrada, tragam Um à capital.
Todos: Sim Senhor.

Dispersam-se, Seis era o Sexto na mesa.

Cinco estava impreterivelmente às 19hs na frente do centro acadêmico. Jamais havia se sentido assim antes, o misto da sofreguidão e ansiedade. Tantos jovens, suas roupas, suas rebeldias, seus cartazes, palavras de ordem, a sempre bela forma contestadora de dizer Não a tudo. Ahhh os rebeldes sem causa. Os tolos engajamentos, as causa mais espúrias, mais confusas e vãs. Hahaha, ali estava 5. Contava com trinta anos, mas agia como se tivesse 15. Esse é o problema dos pequenos notáveis, perdem a infância e depois a todo custo tentam recuperar. Tragi-cômico.
Oitenta e três estava com um grupo, vestia uma camiseta vermelha com símbolo. Ao visualizar Cinco, chamou com as mãos.
Cinco: -Oi.
Oitenta e Cinco: -Sabe fazer cartaz?
Cinco: -Lógico.
Oitenta e Cinco: -Sente, preciso de alguns; Esse são os dizeres...
-a respeito, qual é o seu nome? Respondeu:-Cinco
Oitenta e Cinco: pessoal, este é o 5 (Todos o cumprimentam, estão excitados com sua "pequena revolução bolchevique").

Primeiro: -Hoje entraremos na reitoria, vamos acampar lá dentro.
Segundo, uma enorme barba negra: -Companheiro, entrará pra história.
Terceira:-É para um futuro melhor, para nosso filhos crescerem num mundo igual, um mundo socialista.
Quarta: -O sindicato está conosco
Cinco só ouvia. Pensava em 85, como pensava...

Quatro estava num banheiro. Escuta-se muito bem as pancadas bum-bum-bum, a música eletrônica. No cubículo, sentado em cima da latrina vai quebrando as pedrinhas amareladas. O código morse colombiano. Precisava pensar, achar outra saída. Saí do toalete com olhos parecendo jabuticas. Encosta na mesa de Sete. Sete o reconhece, mas procura ignorá-lo. Pensa melhor, tem medo de algum escândalo. Puxa Quatro para fora, pergunta o que ele quer. Quatro oferece uma informação, conta que procurou Cinco. Conta também sobre Três. Sete acha que pode usar esta informação. Diz que vai ajudar Quatro em troca desta informação.

Uma bagatela, uma verdadeira ninharia.


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