domingo, 6 de setembro de 2009

Capítulo II - Idoneidade Moral

Dois não era tão invisível assim, não pelo menos enquanto Três morou naquela casa. Na verdade, até gostaria de ser invisível na sua presença. Nada passava despercebido aos olhos de Três. Havia aquela mistura indigesta de inveja e admiração (e talvez um pouco de insubordinação também). Mas 3 era implacável:
-Dois! Quero ver isso muito bem limpo! Onde você escondeu isso? Por acaso comeu minha comida macrobiótica?!- Argh!!

Três havia sido daqueles bebês que mamam olhando diretamente nos olhos. Talvez fosse sua índole, talvez fosse a criação, mas fato eram seus frouxos freios morais. Desde de cedo sabia o que e quando queria. Existiam as garotas que gostavam daqueles que tinham carros, as que gostavam dos fortes e Três... 3 gostava dos ricos, dos muito afortunados ou simplesmente esbanjadores.
Na sua faculdade de psicologia, cursou todas as possíveis experiências juvenis... desde a manjada farinha à orgias e os famosos banhos nudistas nas piscinas mais cafonas da batida high society.
No entanto, finda a formação era a hora de caçar. Dentre tantos milhares, Um veio bem a calhar. Um era 1 idiota perfeito, o ratinho Pinky do laboratório.
Um, de alto QI mas baixo QE tendia às pequenas traições. Não era capaz das grandes e intrincadas maquinações femininas de 3; pior deixava vestígios... Bem, o divórcio veio bem a calhar.
Usando sua secretária de isca, Três conseguiu armar o cirúrgico flagrante, apresentando logo após sua leiga mas não menos eficiente formação relâmpago em teatrologia -Ai, como pode?! Seu cachorro!-

(Hahahaha, mulheres...)

Daí em diante foi fácil, bastou uma rápida caça ao velho patrono 61 (ou um patrono velho), antigo amigo de Um e perdidamente entesudado (se é que esse termo existe) por Três. Depois de 2 azuizinhos foi como se colocassem vaselina: processo, pedido de alimentos, divórcio direto, audiência de tentativa de conciliação, audiência de instrução e julgamento, cônjuge culpado, mais choro, sentença, execução de sentença e por fim, os famosos 50%. Delícia.
Agora é só esperar o moribundo instrumento jurídico morrer pra abocanhar outros 50%. Por ser futura viúva meeira de Sessenta e Um, terminaria a campanha com 100% de aproveitamento e sem tomar gols. Maravilha.
Infelizmente sempre há um porém, a exceção da regra, o pequeno detalhe, o mini micro angström esperando silencioso para se manifestar: 4.
Quatro era filho de Meia Um e não deixaria a víbora, bruxa, p*ta... sair-se tão bem. Não assim tão facilmente.

Enquanto isso Um faz suas contas sozinho:

1 - 3 = R$ 8.000.000,00


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