segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Capítulo XI - Eleva-te, sustenta-te...

Onze é um atrás do outro. Atriz, alta, amável... fileiras de homens em seu encalço (um atrás do outro). Trabalha em novelas, atua no teatro, faz comerciais de imóveis e ganha muito bem para isso. É queridinha dos programas dominicais, daqueles de fazer chorar.
Tem uma pequena queda por drogas, mas nada que arranhe sua resplandecente beleza.
Carrega em seu currículo dois casamentos, o primeiro com um conhecido diretor de novelas (filho A) e após o biênio, um banqueiro (e mais outro filho, B). Dois anos já o suficiente.
Uma outra quedinha por pílulas e barbituricos também não é o suficiente. É preciso coroar a formação, é preciso garantir a aposentadoria: um político.
11 finge não ver o bissexualismo de 7, afinal já saira com gays. Sete comparece, Sete é proteção, Sete é poder. E não existe tesão maior do que poder.
Doze, produtor de filmes, por exemplo, nunca a comeu. Tomou-a como protégé. ensinou tudo o que sabia, acompanhou seu crescimento artístico, mas nem um mísero beijinho. Sem poder sem tesão, simples.

Cinco despedaçou-se quando descobriu. Oitenta e Cinco e Um, juntos! Aquela puta!!
Sentia o sangue negro do ódio percorrer-lhe os vasos capilares. O
animus necandi vir-lhe à mente. Ao mesmo tempo que apercebia-se de sua insignificância... "sem poder sem tesão". Era um secretário, recebia ordens, subalterno, que mulher gosta de um servente? Doía demais, mais do que podia aguentar.
Mas era um omisso, um fraco, um frouxo. Tanto tempo no partido, dividido, dominado pela máquina, já não havia o que fazer; ir para os cantos e lamber as feridas, gritar para que quiser ouvir seu pequeno odiozinho contra Um. Podia aguantar sim. Todos suportam, por que não suportaria? Tinha algo a perder, sua ira pequeno-comunista. Suas bandeirinhas sociais, sua pequena corrupção estilo "fins justificam os meios", seus pequenas hipocrisias (idiossincrasias).
-Tolerarei pelo partido!
Era uma boa desculpa. Que babaca.

Um sai da sala choramingando. Teatro. O importante é a grana. Garantir a campanha.
Nova telefona para sua mulher (o maior metro quadrado de jóias do Bra'Z'il):
-Querida, estou indo pra casa, precisa de algo?
-Queijo de Alce.
-Algo mais?
-Não.
-Ok.
É assim, mais afetuosos impossível, apesar que soar melhor a muitos casamento por aí.
Solicita o ajudante de ordens, ordena a compra do moose cheese e aproveita que este faça uma cópia duma fita que acabara de gravar. Só pra garantir, "o seguro morreu de velho", sempre dizia.

Cinco carregava um pacote pardo, todos sabem o que um papel pardo significa. A humanidade é idiota. Caga na água que toma, nem os animais (fora os peixes) fazem isso. Documentos essenciais num papel pardo.

10, mais calmo: -o que realmente aconteceu?
6, -9 é um líder nato, pode-se odiá-lo, mas é difícil questionar seus métodos.
10, impaciente: mas o que aconteceu p...?!
6: uma garantia, arras, um sinal... 9 quer ter certeza que não perderá. Ele nunca perde. Precisa de um dossiê, ao invés de ir ao mercado comprar um prefere fabricá-lo. Da mesma forma, expõe que está no comando da situação, é o macho-alfa agora. He he, uma pequena tacada para diversos coelhos. Um verdadeiro mestre.
10, um tanto enojado: -jamais faria isso, é como vender a alma pro demônio. Esse cara é o verdadeiro belzebu.
6, sarcástico pela ingenuidade do estagiário: duas lições meu caro jedi, a primeira, em política não existe o advérbio "nunca"; em segundo lugar, já vendestes... Avise o velho. Diga que deu tudo certo.

caaaatiiiiingaaaa.
Nuvens de poeria e espinhos.
Não é deserto, mas também não é cerrado. É errado, é certo.

Não é por ser o ciclo da seca, muito menos pela miséria. Dois odiava água parada, água barrenta, sinônimo de doenças... A molecada entrava, mas tinha tino de perceber o que viria. Todos os onze irmãos barrigudos, inchados, infestados de vermes. A esquistossomose era severa naquela paisagem áspera, era rezar para não pensar.
Um dia se compra um sonho para o paraíso. Num manjadíssimo pau-de-arara. A caralhada em caravana, rumo à terra do leite e do mel.